De trás da porta

tras da porta

Te observava assim, de trás da porta.

Da última vez que nos vimos, nos deixamos com meia dúzia de vontades pela metade.

Eu ainda não entraria na sala.

Ficaria aqui, te olhando.

Você me parecia diferente, cheio de vontades cheias.

Com aquele olhar de certeza.

Aquele olhar de agora, que não deixa pra amanhã o espiar da vida.

Perdão, continuo com minha mania de ver tudo de um jeito torto.

Olhares simétricos nunca captaram minhas piscadas de olho.

Talvez eu goste assim. É, eu gosto.

Você não sabia, mas de perto eu te olhava como quem quer guardar o que vê em algum lugar escondido.

Mas tem dia que te esconder guardadinho não parece justo, quero mais é que te vejam.

A partir daquela porta nada era certo, mas a visão que eu tinha das coisas parecia linda.

E era.

Eu adorava a camisa que você estava vestindo e suas manias inspiradas por certa ansiedade perceptível.

Ansiedade igual a minha.

Mas eu me segurava, pra não perder o show à parte que era te observar e ir relembrando cada detalhe seu que me deixou assim, com o olhar imenso.

Ah, como eu senti falta do seu riso de lado, do seu cabelo bagunçado, do seu ombro tatuado.

Te olhei uma vez antes de abrir de vez a porta.

E agradeci a saudade, por estar te vendo assim…

esperando por mim.

Publicado por dudazeredo

Maria de nascimento e Duda por opção, ela escolheu amar Maria e rir a vida pelas canetas.

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